Teve
a oportunidade de encontrar e comprar um Citroën
2CV ou um dos seus derivados, esquecido numa das bermas
das nossas estradas.
O carro parece estar razoável, sem muita ferrugem,
estofos que ainda são estofos, no entanto o carro
tem sinais de já não trabalhar há
muito tempo.
O que é necessário então fazer
para tornar a dar vida a um veículo destes?
Antes
de mais é importante uma inspecção
visual de toda a viatura. (O
nosso guia de compra)
Após
essa inspecção, a primeira coisa a fazer
é simples, verificar o nível do óleo
e o estado do óleo do motor. Em caso de dúvida
proceder mesmo à troca do óleo usado por
óleo novo. Pode encontrar na nossa secção
técnica um artigo explicativo sobre os tipos
de óleo e como se deve realizar a troca de óleo
(ver
artigo). Claro está que quando realizar a
troca de óleo, também deve realizar a
troca de filtro de óleo. (Trocar
óleo no Cirtoën 2CV)
Já
que se está com a mão... no óleo
o próximo passo é verificar o nível
de óleo da caixa de velocidades. Importante
pois um nível incorrecto pode levar a avarias
graves e dispendiosas. Para tal deve desapertar o bujão
lateral de nível (colocado do lado direito, lado
do condutor) e verificar que existe óleo até
à aresta inferior do bujão.
Depois
de ter tratado do "sangue" do veículo,
passemos aos seus pulmões, o filtro de ar.
O filtro de ar deve ser lavado, com petróleo
ou gasolina e no final deve ser embebido em óleo
do motor. O filtro de ar é muito importante pois
é ele que vai impedir a entrada de pós
e poeiras prejudiciais à boa conservação
do motor, em especial os pós de sílica,
que são altamente abrasivos.
Parece
que está tudo pronto para colocar o carro andar,
mas será que depois o consegue parar? Antes de
se colocar o carro a andar devem ser verificados
os travões. É muito natural, se o
carro esteve sem ser utilizado durante muito tempo e
caso tenha sido, como que, abandonado, que tenha havido
a entrada de ar no circuito de travagem. Esta entrada
de ar vai diminuir a eficácia e a constância
de travagem. Verificar se a pressão se mantém
constante após algumas bombadas, ou se os travões
ficam presos, ou pode-se dar o caso de a pressão
no pedal diminuir após alguns momentos desde
a última bombada. São tudo sintomas ou
da existência de uma fuga, ou da existência
de ar no sistema. Para solucionar este problemas é
necessário sangrar os travões,
ou seja extrair o ar do sistema de travagem. Nesta operação
deve-se ter em atenção, em primeiro lugar,
a qualidade do fluído hidráulico, fluídos
hidráulicos diferentes são incompatíveis
e em segundo lugar, este tipo de fluídos é
altamente corrosivo, deve-se ter pois o máximo
cuidado na sua manipulação.
Depois
de tanta coisa está mesmo com vontade de rodar
a chave mas, não o faça ainda.
Antes de tentar colocar o motor em funcionamento, retire
as velas e através do orifício introduza
um pouco de óleo do motor. Dê algumas
voltas ao motor, com a manivela ou empurrando o carro
com uma mudança engatada. No início encontrará
alguma resistência ao movimento, resistência
essa que irá desaparecer. Isto irá fazer
com que as paredes já secas dos cilindros do
motor sejam molhadas de óleo, reduzindo assim
o atrito e o desgaste nas primeiras voltas do motor.
Depois disto, colocar as velas. (Terá que limpar
o óleo das velas nas primeiras tentativas, até
que estas apareçam secas.)
Chegou
finalmente a altura de depois de alguns anos parado,
o motor ganhar vida!
O
quê!? Não roda o motor de arranque?
Parece
que é necessário verificar o estado
da bateria e dos fusíveis.
Uff!
Já trabalha!
Não!
Ainda é aconselhável fazer mais algumas
pequenas coisas...
Gostaria
de agradecer aos seguintes membros da lista de correio
electrónico, que contribuíram com algumas
sugestões incluídas neste artigo: Augusto
Águas, Pedro Domingos, César González,
jvo.
18.05.2002
Nuno
Rocha
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