Iniciemos
então a descrição dos diferentes
componentes de uma suspensão
Molas
As molas permitem aumentar o conforto de condução
ao mesmo tempo que protegem a carga e os ocupantes do
veículo das irregularidades das estradas. Permitem
também aumentar a vida útil dos pneus
e permitem especialmente que a potência seja transmitida
de forma eficaz, fazendo que os pneus sigam o contorno
da estrada, evitando perdas de tracção.
Princípios físicos
O veículo no seu todo forma um sistema vibratório
que é excitado pelas irregularidades da superfície
da estrada.
As molas podem ser classificadas através de
duas características:
- constante da mola;
- frequência natural.
Constante da mola - c
A
constante da mola é o coeficiente da força
F requerida para comprimir a mola e o deslocamento associado.
Quanto maior o valor de c, maior será a força
necessária para comprimir a mola, logo o sistema
será mais "duro".
Nas molas convencionais, conhecidas como molas lineares,
a constante da mola é constante.
No caso das molas de acção progressiva,
a constante da mola é dependente do deslocamento,
isto é o valor c aumenta à medida que
a mola é comprimida.
Frequência natural
A frequência natural de uma vibração
é a frequência para a qual ocorre uma auto-excitação.
Esta auto-excitação representa um aumento
de amplitude e é referida como ressonância.
Uma redução da amplitude é referida
como amortecimento.
De forma a evitar a ocorrência de ressonância,
a frequência natural de vibração
nos veículos deve ser o mais constante possível.
Para assegurar isso, a constante da mola deve aumentar
em proporção com o peso. É este
o objectivo das molas de característica progressiva.
Tipos de massas ^Topo
O desenho das molas é dependente da massa total
m do veículo, que é composta pela massa
suspensa e não suspensa.
Massa suspensa
As
massas suspensas incluem todos os componentes do veículo
que estão suspensos, por exemplo, o chassis,
a carroçaria, a carga, o motor e a caixa de velocidades.
Massa não suspensa
O termo massa não suspensa é utilizado
para definir os componentes do veículo que estão
directamente sujeitos aos choques da superfície
da estrada. Estes incluem os eixos, rodas, cubos das
rodas e partes da direcção.
Embora sejam designadas por massa não suspensas,
estas estão ainda separadas da superfície
da estrada pelos pneus, que funcionam como pequenas
molas pneumáticas.
As massas não suspensas estão ligadas
às massas suspensas através dos componentes
do sistema de suspensão. A sua vibração
é transmitida à massas suspensas através
das molas, de forma a que as duas massas vibram em gamas
de frequências diferentes.
A vibração de elevada frequência
das massas não suspensas é convertida
pelos elementos da suspensão numa vibração
de mais baixa frequência.
Os componentes da suspensão do veículo
pertencem à massa não suspensa do veículo.
Uma massa não suspensa mais reduzida irá
transmitir menos choques. Uma massa suspensa elevada
em conjugação com uma massa não
suspensa reduzida aumenta o conforto de condução
e a tracção dos pneus.
Tipos de molas ^Topo
Podemos destacar 3 tipos de molas utilizadas normalmente
em veículos ligeiros: helicoidais, de lâminas
e barras de torção.
Molas
Helicoidais
O tipo mais geralmente utilizado são as molas
helicoidais. Estas molas são constituídas
por um barão de aço vergado em forma de
hélice.
Uma extremidade da mola é apoiada ou fixa no
chassis ou num suporte solidário com este, sendo
a outra extremidade apoiado ou fixada a um braço
de suspensão ou mesmo directamente à fixação
da jante.
Pode variar-se o valor da constante da mola através
da alteração do diâmetro do barão,
n.º voltas ou espaçamento entre as voltas.
Como visto anteriormente, pode haver também molas
com constante da mola variável. Isto é
conseguido utilizando barões com espessuras variáveis
ou variando o diâmetro das voltas da hélice.
As molas com constante da mola variável têm
um valor inferior quando estão descarregadas,
permitindo uma condução mais confortável,
e um valor superior quando carregadas, resultando numa
maior capacidade de suporte de carga e melhor controlo.
Molas de lâminas
As
molas de lâminas são constituídas
por um conjunto de lâminas de aço com uma
ligeira curvatura e vários comprimentos, sobrepostas
umas nas outras. Caso a carga a suportar seja reduzida
pode ser utilizada uma só lâmina.
Este tipo de molas pode ser montado no sentido transversal
ou paralelo ao eixo de veículo.
Com o aumento da carga, a flexão da mola, reduz
o comprimento das lâminas e consequentemente aumenta
a sua rigidez.
Podemos distinguir ainda dois tipos de molas de lâminas:
trapezoidais e parabólicas.
As primeiras são utilizadas em veículos
destinados a circular em estradas de mau piso. Dado
que nestas molas as faces das lâminas estão
juntas e em contacto, desenvolvem forças de atrito
entre elas, atrito este que dificulta a flexão.
este pormenor torna este tipo de molas muito rígidas.
As molas parabólicas para além da sua
forma em parábola, caracterizam-se por normalmente
serem todas do mesmo comprimento, isto é válido
para veículos ligeiros onde se utiliza um número
reduzido de lâminas, e apresentarem uma espessura
variável, mais grossas no centro. Como as faces
das lâminas não se encontram em contacto,
estas molas são muito mais flexíveis.
Barras
de torção
O terceiro tipo de molas são as barras de torção.
A barra de torção é um barão
de aço em forma de L.
A generalidade de barras de torção é
montada solidariamente com o chassis do veículo,
sendo a outra extremidade ligada à suspensão.
Durante o movimento da suspensão a barra de
torção irá torcer proporcionando
uma acção de mola.
Pneus
Os pneus podem também ser considerados como molas
pois são eles que suportam o peso do veículo.
Para além disso a sua acção é
importante para o conforto de condução
e controlo do veículo. de facto os pneus poderão
ser vistos como uma mola primária, pois são
eles que respondem às pequenas irregularidades
da estrada.
A capacidade de flexão de um pneu é determinada
pela sua pressão. Pneus com demasiada pressão
serão mais rígidos e transmitirão
excessivamente todas as irregularidades da estrada.
|